🕰️ Periodização da História Geral

Linha do Tempo

📌 Resumo

A periodização da História é uma ferramenta utilizada pelos historiadores para organizar o tempo histórico em grandes fases, como Idade Antiga, Média, Moderna e Contemporânea. Essa divisão facilita o ensino e a compreensão dos processos históricos, mas é baseada em eventos e critérios da Europa Ocidental. Por isso, pode ocultar ou secundarizar experiências de outras regiões do mundo, como África, Ásia e América. O artigo apresenta o conceito de periodização, sua origem eurocêntrica e os debates atuais sobre a necessidade de construir uma visão mais crítica e plural da História.


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🕰️ O que é a periodização histórica?

A periodização da História é uma forma de dividir o tempo histórico em partes, chamadas de períodos, épocas, eras ou idades. Essa organização ajuda os historiadores — e também os estudantes — a entender melhor o passado, agrupando acontecimentos semelhantes em uma mesma fase.

📌 Como é feita a periodização da História?

A forma mais tradicional de dividir a História vem da historiografia europeia, que selecionou alguns eventos marcantes para indicar o início e o fim de cada período. Esses marcos representam grandes transformações sociais, políticas ou culturais na história do Ocidente.

Assim, temos a divisão clássica em quatro idades:

  • Idade Antiga: do surgimento da escrita (aproximadamente 4.000 a.C.) até a queda do Império Romano do Ocidente (476 d.C.);
  • Idade Média: de 476 até a tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos (1453);
  • Idade Moderna: de 1453 até a Revolução Francesa (1789);
  • Idade Contemporânea: de 1789 até os dias atuais.

Essa divisão facilita o ensino e o estudo da História, mas possui limitações importantes. Ela se baseia principalmente na experiência da Europa, ignorando a diversidade de vivências históricas de outros povos, como africanos, asiáticos e indígenas americanos. Por isso, muitos historiadores contemporâneos questionam esse modelo.

Além disso, a divisão pode transmitir a falsa ideia de que cada idade tem as mesmas características em todas as partes do mundo, o que não é verdade. Enquanto a Europa vivia a Idade Média, por exemplo, outras regiões estavam em contextos históricos completamente distintos.

📚 Por que dividir a História Geral?

A divisão da História em períodos facilita a compreensão das transformações da humanidade ao longo do tempo. Ela ajuda a organizar eventos complexos e interligados, permitindo analisar melhor as diferentes épocas e sociedades.

🗓️ E a linha do tempo, o que é?

A linha do tempo é uma representação visual da periodização histórica. Ela mostra os períodos em ordem cronológica, permitindo acompanhar as mudanças ao longo do tempo. Pode ser usada para retratar a História do mundo, de um país, de uma região ou até de um tema específico, como a história da ciência ou da arte.

Na sala de aula, a linha do tempo é uma ferramenta muito útil para relacionar acontecimentos e perceber como o tempo histórico é construído com base em interpretações e escolhas feitas pelos historiadores.

🌍 O que é eurocentrismo e como influencia a História

O eurocentrismo é uma forma de interpretar a História e o mundo a partir da perspectiva da Europa Ocidental, atribuindo centralidade às experiências europeias como se fossem universais. Essa visão valoriza os feitos, ideias e culturas europeias em detrimento de outras civilizações, o que impacta diretamente na maneira como os períodos históricos são definidos e ensinados.

Na prática, isso significa que os marcos usados para dividir a História – como a queda do Império Romano, o Renascimento ou as Revoluções Burguesas – refletem eventos europeus, mesmo que não tenham o mesmo significado ou impacto em outras partes do mundo. Assim, as experiências históricas de povos da África, Ásia, América e Oceania acabam sendo invisibilizadas ou enquadradas segundo padrões europeus, como se estivessem “atrasadas” ou “fora da História”.

É importante destacar que essa periodização tradicional pode ser questionada, pois centraliza a história em torno da presença europeia e do Estado nacional, muitas vezes ignorando ou secundarizando a atuação dos povos indígenas, africanos e outros grupos historicamente marginalizados. Por isso, compreender o papel do eurocentrismo na construção do conhecimento histórico é essencial para uma visão mais crítica e plural do passado.

Essa perspectiva influencia a forma como se constrói o conhecimento histórico nas escolas, nos livros didáticos e na produção acadêmica. Ao apresentar a Europa como centro irradiador de civilização, ciência, política e cultura, o eurocentrismo reforça desigualdades simbólicas e limita a compreensão da diversidade histórica da humanidade.

Por isso, diversos historiadores e educadores vêm propondo uma descolonização do pensamento histórico, que valorize as múltiplas vozes, experiências e temporalidades dos povos ao redor do mundo. Isso inclui reconhecer a importância de civilizações africanas, asiáticas e indígenas, bem como repensar os marcos cronológicos sob uma perspectiva mais plural, contextualizada e crítica.


Características de cada período

1. PRÉ-HISTÓRIA (até cerca de 4000 a.C.)

  • Início: Surgimento dos primeiros hominídeos.
  • Marcos históricos: Uso do fogo; Revolução Neolítica; surgimento da agricultura; primeiras aldeias sedentárias e domesticação de animais.
  • Fim: Invenção da escrita (cerca de 4000 a.C.)

A Pré-História é tradicionalmente dividida em quatro grandes períodos: Paleolítico, Mesolítico, Neolítico e Idade dos Metais, cada um marcado por importantes transformações no modo de vida humano.

No Paleolítico, também chamado de Idade da Pedra Lascada, os primeiros seres humanos eram nômades e viviam da caça, pesca e coleta de alimentos. Utilizavam ferramentas simples feitas de pedra lascada e dominaram o uso do fogo. Esse período representa a fase mais longa da Pré-História.

O Mesolítico surge como uma fase de transição em determinadas regiões, marcando mudanças graduais no clima, na alimentação e no uso de instrumentos, sem uma ruptura brusca entre o Paleolítico e o Neolítico.

Com o Neolítico, ou Idade da Pedra Polida, inicia-se um processo de transformação profunda conhecido como Revolução Agrícola. A partir de cerca de 8000 a.C., os seres humanos passam a cultivar a terra, domesticar animais e formar os primeiros povoados sedentários, o que altera completamente sua relação com o meio ambiente.

Por fim, na Idade dos Metais, ocorre o uso sistemático de metais como cobre, bronze e ferro para a produção de ferramentas, armas e utensílios. Esse avanço tecnológico contribui para o crescimento de comunidades mais complexas e está diretamente ligado ao surgimento da escrita, o que marca o fim da Pré-História.

Visão crítica sobre o termo “Pré-História”

Apesar de amplamente utilizado, o termo Pré-História é alvo de críticas por parte de historiadores e arqueólogos. A principal objeção está na ideia de que essa denominação pressupõe que não havia “História” antes da invenção da escrita, desvalorizando milhares de anos de experiências humanas, culturas, tecnologias e organizações sociais. Muitos estudiosos argumentam que a história da humanidade não começa com a escrita, mas com os primeiros vestígios de ação humana no mundo.

Além disso, o uso da expressão “pré” pode reforçar uma visão eurocêntrica, já que a escrita surgiu em algumas sociedades enquanto outras continuaram a desenvolver formas de organização social e transmissão de saberes sem o uso de sistemas escritos. Assim, é importante repensar o conceito de Pré-História e reconhecer a riqueza e complexidade das sociedades que viveram nesse período.

2. IDADE ANTIGA (4000 a.C. – 476 d.C.)

  • Início: Desenvolvimento da escrita e surgimento das primeiras civilizações organizadas.
  • Marcos históricos: Civilizações da Mesopotâmia e do Egito; Antiguidade Clássica (Grécia e Roma); expansão do Império Romano; surgimento e difusão do Cristianismo.
  • Fim: Queda do Império Romano do Ocidente (476 d.C.).

A Idade Antiga tem início com a invenção da escrita, por volta de 4000 a.C., nesse período, surgem as primeiras civilizações complexas no Crescente Fértil, como os povos da Mesopotâmia e do Egito Antigo, que desenvolveram sistemas de irrigação, escrita cuneiforme e hieroglífica, religiões organizadas e estruturas políticas centralizadas.

Com o tempo, outras grandes civilizações também se destacam, como as da Índia e da China Antiga, que contribuíram com avanços tecnológicos, filosóficos e religiosos. Na região do Mediterrâneo, desenvolve-se a chamada Antiguidade Clássica, com a ascensão da Grécia Antiga, marcada pelo florescimento da filosofia, da democracia e das artes, e posteriormente do Império Romano, que expandiu-se por vastas áreas da Europa, norte da África e Ásia.

Durante o domínio romano, destaca-se o surgimento do Cristianismo, que inicialmente perseguido, posteriormente torna-se a religião oficial do império a partir do século IV. A queda do Império Romano do Ocidente, em 476 d.C., marca o fim da Idade Antiga e o início da Idade Média na Europa.

3. IDADE MÉDIA (476 – 1453)

  • Início: Queda do Império Romano do Ocidente e formação dos reinos bárbaros na Europa.
  • Alta Idade Média: Império Carolíngio; ruralização da economia; feudalismo; hegemonia da Igreja Católica.
  • Baixa Idade Média: Mundanas sociais e econômicas na Europa feudal; Renascimento Comercial e Urbano; Cruzadas; peste negra e as crises do século XIV.
  • Fim: Queda de Constantinopla (1453).

A Idade Média se estende do século V ao século XV, tendo início com a queda do Império Romano do Ocidente, em 476, e encerrando-se com a conquista de Constantinopla pelos turcos-otomanos, em 1453. Esse longo período é tradicionalmente dividido em dois momentos: Alta Idade Média e Baixa Idade Média.

Durante a Alta Idade Média, observam-se a descentralização do poder político, a ruralização da economia e o predomínio do sistema feudal. O Império Carolíngio destaca-se como uma tentativa de reunificação da Europa Ocidental, enquanto a Igreja Católica assume papel central na vida social, cultural e política, exercendo grande influência sobre a população medieval.

Na Baixa Idade Média, o mundo feudal passa por importantes transformações. O aumento da produção de alimentos, a intensificação das trocas comerciais, o crescimento das cidades e o fortalecimento da burguesia marcam o Renascimento Comercial e Urbano. As Cruzadas, expedições militares de caráter religioso, também impactaram a sociedade europeia, promovendo contatos com o Oriente. Além disso, há o fortalecimento das monarquias nacionais, com a centralização do poder em reis e o declínio da autoridade feudal.

O fim da Idade Média é simbolizado pela queda de Constantinopla, capital do Império Bizantino, em 1453, evento que também marca o início da Idade Moderna.

4. IDADE MODERNA (1453 – 1789)

  • Início: Fortalecimento das monarquias nacionais e expansão marítima.
  • Marcos históricos: Grandes Navegações; Reforma Protestante; Iluminismo; Revoluções Inglesas.
  • Fim: Revolução Francesa (1789)

5. IDADE CONTEMPORÂNEA (1789 – Atualidade)

  • Início: Revolução Francesa.
  • Marcos históricos: Revolução Industrial; Guerras Mundiais; Guerra Fria; Globalização; Revolução digital.

🕰️ Esquema Resumo: Linha do tempo da História Geral


🕰️ Linha do Tempo: Periodização da História

A história é dividida em períodos para facilitar o estudo das transformações sociais, culturais, políticas e econômicas da humanidade.

🪨

PRÉ-HISTÓRIA (até 4000 a.C.)

  • Início: Surgimento dos primeiros hominídeos
  • Marcos: Uso do fogo, Revolução Neolítica, agricultura, sedentarismo
  • Fim: Invenção da escrita

🏛️

IDADE ANTIGA (4000 a.C. – 476 d.C.)

  • Início: Desenvolvimento da escrita
  • Marcos: Antiguidade Oriental: Egito e Mesopotâmia
  • Antiguidade Clássica: Grécia e Roma
  • Surgimento do Cristianismo
  • Fim: Queda do Império Romano do Ocidente

IDADE MÉDIA (476 – 1453)

  • Início: Fragmentação do Império Romano e surgimento do feudalismo
  • Alta Idade Média: Império Carolíngio, cristianismo, economia feudal
  • Baixa Idade Média: Renascimento Comercial e Urbano, Cruzadas, Peste Negra
  • Fim: Queda de Constantinopla

IDADE MODERNA (1453 – 1789)

  • Início: Fortalecimento das monarquias e Expansão Marítima
  • Marcos: Grandes Navegações, Reforma Protestante, Iluminismo
  • Fim: Revolução Francesa

🌍

IDADE CONTEMPORÂNEA (1789 – Atualidade)

  • Início: Revolução Francesa
  • Marcos: Revolução Industrial, Guerras Mundiais, Guerra Fria, Globalização

🧠 Dica: A periodização é uma construção da historiografia e pode variar conforme a cultura ou abordagem teórica adotada.

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🔗 Interligações com outros temas históricos

O estudo da periodização da história está conectado a diversos outros temas fundamentais da História. Explore mais nos artigos relacionados do Blog Educar História:


🧾 Conclusão

É importante destacar que essa periodização tradicional pode ser questionada, pois centraliza a história em torno da presença europeia e do Estado nacional, muitas vezes ignorando ou secundarizando a atuação dos povos indígenas, africanos e outros grupos historicamente marginalizados. Por isso, compreender o papel do eurocentrismo na construção do conhecimento histórico é essencial para uma visão mais crítica e plural do passado.


📚 Referências bibliográficas

  • BURKE, Peter. A escrita da história: novas perspectivas. São Paulo: UNESP, 1992.
  • MOISÉS, Roberto (org.). Dicionário de conceitos históricos. São Paulo: Contexto, 2007.
  • LE GOFF, Jacques. História e Memória. Campinas: UNICAMP, 1990.

Autor: Paulo Henrique Pereira Ferreira.
Professor de História. Licenciado em História pela UEL. Especialista em Docência e Prática do Ensino de História.

Como citar este artigo:
FERREIRA, Paulo Henrique Pereira. Periodização da História Geral. Educar História, 2025. Disponível em: https://educarhistoria.com.br/periodizacao-da-historia-geral-linha-do-tempo/. Acesso em: 12 maio 2025.

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